Valuation – Maximizando o Valor da Empresa

O valor da empresa (valuation) é um guia para empresários levarem seu negócios para um novo patamar de gestão e resultados. A grande maioria dos empresários não conhece o valor do seu próprio negócio e isso pode custar muito caro, ao tomar decisões erradas de investimento e financiamento.

Valuation não é só uma questão de atribuir um valor justo para o negócio, como várias consultorias simplesmente vendem por aí. É mais do que isso.

Do ponto do vista econômico global, VALOR está relacionado à “tudo que vem junto”, tudo que está associado ao negócio, como por exemplo, seus ativos, passivos, qualidade da equipe e cultura, marca, presença geográfica, carteira de clientes, processos, sistemas, produtos, etc. Como diz Warren Buffett, um dos maiores investidores de todos os tempos, “Preço é o que você paga, valor é o que você leva”.

Tanto é assim, que o próprio Buffett adquiriu parte da empresa McLane (logística e suprimentos) apenas baseado no preço que o proprietário lhe forneceu. Simples assim! Buffett confiava muito naquele empresário, sabia do seu “tino” para os negócios. Buffett sabia das capacidades desse negócio e seu valor no longo prazo. Na balança (cabeça) de Warren, o negócio tinha muito mais retornos do que riscos, por isso comprou de imediato. Surpreendente, não?!

Coloque-se no lugar do comprador, na visão do investidor (e quando digo investidor, este também é você empresário, pois investiu tempo e dinheiro no seu negócio). Em última análise, você vai querer saber exatamente quais serão seus RISCOS e RETORNOS, para com isso, tomar a melhor decisão possível. É assim que Warren Buffett decide. É assim que J.P. Morgan decidiu (conheça a história dele no final deste ebook).

Conheça abaixo os pilares de valor (ou value drivers) que se tornarão suas prioridades (FOCO) daqui pra frente, pois são a base, o fundamento no qual o Valor de um negócio de sucesso se apoia. Cada pilar é uma área que deverá ser desenvolvida a fim de se melhorar a performance do negócio como um todo. E quanto melhor a performance, menos riscos e maior retorno, chegando assim, à uma maior valorização da sua empresa ao longo do tempo.

 

1.Crescimento da Geração de Caixa

A empresa consegue demonstrar um crescimento consistente na geração de caixa?

 

Sempre comento com meus clientes sobre a famosa “Última Linha”. Ela é fatal, ou melhor, VITAL para o valor da empresa. A última linha é a geração de caixa da empresa, o lucro líquido. Faturou, gastou e no final, quanto sobrou? A sobra (ou a falta) é a Última Linha. Ela é o resultado derradeiro da competência do negócio em gerar resultados tangíveis, mensuráveis, significativos.

Veja este vídeo onde falo sobre porque o faturamento é ego e o caixa é o rei:

 

video

 

Embora na ordem lógica da DRE e da DFC a última linha seja a mais importante, ela será a primeira coisa que um investidor vai analisar, pois ali está demonstrado por A + B, qual é a margem que o empreendimento deixa no final das contas. Não adianta faturar $ 100 milhões/mês, se a empresa gasta $ 120 milhões/mês e no final, sempre faltam $ 20 milhões. Assim não pode, assim não dá!

O caixa precisa apresentar um padrão de crescimento orgânico, estável, sustentável ao longo dos anos. Isso é valiosíssimo pois está diretamente relacionado com o risco. Se existe um histórico de pelo menos 3 anos, de bom crescimento, entende-se que a gestão é séria, comprometida com a qualidade das receitas, custos e despesas, e assim, o risco é menor, pois pode-se prever o futuro do negócio com maior probabilidade e certamente, ao adquirir a empresa, este ativo passará para o investidor com grande grau de confiabilidade.

Pense claramente: se a empresa consegue sustentar lucros crescentes ao longo do tempo, é porque no mínimo, ela tem um bom produto/serviço e possui uma gestão séria e comprometida, voltada para o longo prazo. Ninguém consegue isso sem aplicar uma enorme quantidade de boas práticas na gestão comercial, financeira e administrativa. Não tem mágica e sim, trabalho duro e inteligente.

Jim Collins, em seu livro Feitas para Vencer, pesquisou exaustivamente empresas que eram apenas boas e se tornaram excelentes e umas das grandes sacadas delas foi encontrar formas de “gerar com eficácia fluxo de caixa  e lucratividade de modo substancial e contínuo“. É óbvio que isso não aconteceu do dia para a noite, exigindo um esforço consciente enorme, utilizando-se amplamente de eficiência, tecnologia e escala. A questão aqui é: A gestão financeira e estratégica deve ser a prioridade na sua empresa, antes de tomar qualquer decisão.

Crescimento da Geração de Caixa é o primeiro e o mais importante pilar dos negócios de valor, pois é o que tem a maior influência nas análises de valuation, risco e retorno. Com isso, logo o investidor pensa: “Hum, ao adquirir este negócio, eu trago todo esse fluxo de caixa para o meu bolso. Isso se paga em tanto tempo, com tal retorno sobre o investimento e com um nível de risco aceitável. Até $ X milhões, eu pago.”

2.Potencial do Nicho de Mercado

Qual é o potencial de crescimento das vendas no nicho de atuação da empresa, considerando todas as peculiaridades do setor? Quais são os riscos (ameaças) existentes neste mercado?

 

Imagine que você está em uma feira de negócios e que um grande investidor simpatiza com sua empresa. Após conhecer um pouco mais do negócio, ele lhe pede um plano de expansão, para entender qual será o futuro da empresa no mercado. Como você demonstraria o potencial de mercado, no qual sua empresa está inserida?

Pense e responsa as seguintes questões:

  •  Seu negócio está em um mercado em crescimento, maduro ou estagnado?
  •  Como será a demanda no futuro, na medida em que a população cresce?
  •  Existem mercados adicionais, que sua empresa ainda não explora, mas que possivelmente o novo proprietário (ou sócio) poderia perseguir?
  •  Que novos produtos ou serviços poderiam ser introduzidos para os clientes atuais?
  •  Como os esforços de marketing afetarão as vendas e o crescimento da empresa?
  •  Onde estão as maiores margens? Elas podem ser melhoradas ainda mais?
  •  Existem tecnologias próprias passíveis de licenciamento?
  •  Existem oportunidades de adquirir outras empresas para crescer mais?
  •  O que será melhor: crescer em território ou por meio da capacidade de produção?
  •  Que outras oportunidades poderão ser exploradas no futuro, na medida em que a empresa se tornar mais reconhecida?
  •  Que tipos de ameças existem nesse mercado?
  •  Existem questões críticas e impeditivas, que poderão afetar o crescimento da empresa, tais como fatores ambientais, sociais, tecnológicos, legais ou trabalhistas?

 

Respondeu tudo com clareza e segurança? Sim? Ótimo! Se um empresário puder traçar um plano de crescimento para o futuro, contemplando diversas ameças e oportunidades, e como explorar tudo isso em prol do crescimento sustentável da empresa ao longo dos anos, certamente o valor da empresa será maior. Existe aqui uma chave, da qual já falamos que é a percepção de Risco X Retorno. Ao ilustrar todos esses pontos, demonstra-se uma capacidade superior de planejamento  e a viabilidade da companhia considerando os inúmeros fatores que afetam seus resultados. Com isso, uma segurança maior para se investir e consequentemente, um valor maior! Bingo!

3.Posicionamento de Mercado

Qual é a reação que sua Proposta Única de Valor causa nos seus clientes?

 

É fato: se você estiver na zona do “eu também faço isso”, os ganhos futuros serão menores, pois a concorrência é cada dia maior e os clientes, mais exigentes. Isso significa que sua empresa terá que brigar mais para sustentar os negócios. Se sua empresa não se posiciona de modos a atender necessidades específicas e ser lembrada como uma referência em determinado nicho, certamente será muito difícil se destacar no meio da multidão.

Para ter a atenção do mercado, é preciso ter foco! Pensar numa proposta única de valor, ou seja, um verdadeiro diferencial, percebido pelo mercado. Empresas com forte posicionamento de mercado tendem a possuir processos mais robustos e consistentes em itens como pesquisa de mercado, análise competitiva, análise de ganho/perda.

A questão chave, do ponto de vista do investidor é uma maior estabilidade e consistência, fruto direto do foco de atuação (posicionamento). Quando se tem uma linha de raciocínio clara, objetivos de longo prazo bem definidos, fica mais fácil construir uma história robusta, consistente, reconhecimento de marca, reputação, confiabilidade nos produtos e serviços e consequentemente, satisfação dos clientes.

Posicionamento de mercado é certamente um grande influenciador de valor pois ajuda a mitigar os riscos percebidos no negócio.

4.Barreiras de Entrada

A empresa possui barreiras que dificultam a entrada de novos concorrentes em seu nicho de mercado?

 

O que impediria novos entrantes no seu mercado de atuação? Quais são as vantagens competitivas que a empresa possui em relação à seus concorrentes? Vantagens competitivas são características que dão ao negócio um benefício adicional (vantagem mesmo!) sobre os competidores e com isso uma posição estratégica melhor no mercado. É um value driver crítico aos olhos do investidor, pois representa um enorme fator antirisco.

Warren Buffet define as barreiras de entrada como o “fosso dos negócios”. Ele relembra aqueles fossos dos castelos medievais, que tinham a função de proteger o castelo de ataques inimigos. Quanto maior o fosso, mais difícil é para o inimigo penetrar suas defesas e, consequentemente, conquistar seu território. Por outro lado, um fosso pequeno e raso é frágil e permite qualquer amador ultrapassá-lo. A analogia é perfeita! Barreiras de entrada, como alguns exemplos abaixo, tornam o fosso mais profundo e largo, mitigando riscos e afastando concorrentes, melhorando a previsibilidade de negócios e a consistência dos negócios no futuro, ou seja, diminuindo seus riscos e incertezas.

Exemplos de barreiras de entrada:

  • Direitos autorais
  • Marcas Registradas
  • Patentes
  • Segredos comerciais
  • Processos desenvolvidos
  • Projetos e know-how proprietários
  • Marca ou nomes comerciais
  • Os desenhos de engenharia
  • Programas de software personalizados
  • Sistema de treinamento passo-a-passo
  • Bancos de dados personalizados
  • Artigos publicados e publicações reconhecidas
  • Dificuldade de obter licenças, zoneamento ou aprovações regulatórias
  • Contratos com difícil penetração em entidades (governo, por exemplo)
  • Relacionamento com clientes e/ou fornecedores
  • Canais de vendas e distribuição
  • Recursos financeiros
  • Recursos humanos
  • Pesquisa e desenvolvimento

O que mais?
Quais desses itens sua empresa possui?

5.Cultura de Marketing e Vendas

Você consegue projetar e prever, com precisão, o volume de vendas?

 

Como as vendas da empresa se sustentam no médio e longo prazo? Quais são os canais de vendas e canais de comunicação  utilizados para se gerar um fluxo de leads, prospects e clientes, de forma consistente? Aliás, existem processos e ferramentas que mensuram o funil de vendas  nos possíveis compradores?

Por mais que as vendas dependam, em última análise, da vontade dos compradores, isso não significa que você deve ficar parado atrás do balcão esperando por eles. Muito pelo contrário, negócios de sucesso possuem processos de marketing e vendas muito bem definidos. Não é preciso ser uma grande empresa para isso. Mesmo um autônomo precisa saber as características e perfil de seu público alvo, para então traçar estratégicas de como atrair sua atenção, abordar, convencer, relacionar e por fim, vender.

Negócios de valor não deixam esse pilar ao acaso, nas mãos do destino ou de meia dúzia aleatória de possíveis oportunidades, baseada em uma rede de contatos já desgastada.

Possuir canais de comunicação e vendas, bem alinhados com processos internos, um bom funil de vendas e controles de mensuração de resultados é a chave para poder prever melhor o futuro da companhia. Com isso, dois resultados vêm a tona: 1) o valor da empresa aumenta, pois entende-se que o caixa não será afetado por uma dor de barriga no mercado e 2) O risco é diminuído, ante aos olhos de um investidor, devido à não concentração de receita em poucos clientes (sobre esse ponto específico, veja o item 6 abaixo, Qualidade das Receitas).

Investidores buscam empresas com geração de leads independente da rede de contatos dos sócios. Eles buscam processos de marketing automatizados e eficientes, que geram um funil de vendas robusto e saudável. Além disso, a empresa precisa adotar uma postura mais voltada para o marketing, onde este seja visto como investimento e não apenas despesa. Essa postura “pró marketing” ajuda a criar os processos e investimentos descritos acima, e no fim, gerar melhores resultados hoje e no futuro.

6.Qualidade das Receitas

Seu negócio possui uma carteira de clientes grande e bem administrada? Existem contratos de longo prazo e/ou recorrência de clientes?

 

Quando uma empresa possui concentração de carteira, há uma grande preocupação em perder esses clientes e, com eles, boa parte do faturamento. Se sua empresa possui uma carteira de recebíveis concentrada em apenas alguns clientes, saiba que essa situação é bastante arriscada. Investidores gostam de ver uma carteira diversificada de clientes, balanceada com várias fontes de renda (produtos e serviços adicionais, complementares, etc.), pois isso traz previsibilidade de caixa e estabilidade nas projeções, ou seja, menos riscos.

Além dessa variedade nas receitas, é extremamente importante saber negociar prazos com os clientes e/ou ajustar as políticas de prazos de recebimento.

Prazos de recebimento, por si só, aniquilam qualquer lucro que a empresa tem, pois afeta diretamente o capital de giro. Imagine que seu prazo médio de recebimento seja de 30 dias e, por outro lado, costuma pagar seus fornecedores à vista. Então, em média sua empresa ficará 30 dias esperando pelo dinheiro do cliente. É o que chamamos de descasamento de caixa. FATAL!

Para solucionar esse ponto e melhorar a qualidade das receitas, é preciso investir em ações para melhorar a capacidade de atração e retenção de clientes, boa diversidade de produtos e serviços, gestão financeira eficiente (Prazos e margens), qualidade no relacionamento com clientes (CRM e CEM). Tudo isso é vital para diminuir o risco da operação e aumentar a percepção de valor sobre a empresa.

7.Qualidade da Equipe

Existem líderes capazes de levar o negócio adiante? A equipe é fiel à empresa?

 

Toda empresa precisa de pessoas para funcionar e a qualificação desta equipe é fundamental para o negócio prosperar hoje e no futuro. Além de uma cultura voltada para resultados, investidores querem ver se existem pessoas realmente comprometidas com o negócio e líderes verdadeiros que trabalham PELO negócio e não apenas NO negócio , com um bom histórico de resultados entregues.

Se existe este ambiente, onde a equipe é guiada por líderes, rumo à um propósito comum, é muito mais provável que dali surjam inovações, controles gerenciais e financeiros precisos, processos azeitados e melhorias que tornarão a empresa ainda mais bem sucedida. Além disso, um ambiente como esse sempre será autossustentável, pois duas situações acontecerão:

  1. Atrairá os melhores talentos devido ao seu dinamismo, objetividade e porque não, alegria! e
  2. Os talentos atuais terão menos disposição para sair da empresa, pois dificilmente terão outra oportunidade deste tipo no mercado. As empresas mais admiradas optam por dividir lucros com a equipe ou então conceder partes da sociedade no futuro (ações e opções) em troca de comprometimento, lealdade e resultados.

Com isso tudo no lugar, o nível de risco desta empresa será muito menor, pois além de uma equipe inteligente e coesa, a empresa dependerá menos dos sócios e, consequentemente, atrairá a atenção do mercado e de investidores pela sua capacidade de gestão e escalabilidade.

8.Eficiência dos Processos Produtivos (entrega)

Quão eficaz são os processos produtivos da companhia? O cliente recebe exatamente aquilo que compra?

 

É preciso provar que se é bom na entrega, sejam produtos ou serviços. Não basta apenas vender, é preciso produzir e entregar com qualidade.

Os processos produtivos precisam ser mapeados e documentados. Pessoas, processos e ferramentas precisam estar alinhados para se obter resultados reais. Nenhum desses três pontos produzirá algo significativo, caso estejam isolados um do outro. A administração da empresa precisa garantir que:

  1. Existam pessoas capazes de produzir com eficiência,
  2. Processos padronizados que elas saibam executar com eficácia e
  3. Ferramentas adequadas à execução do trabalho.

Como dizem por aí: Qualquer um pode pode fazer um hambúrguer melhor que o do McDonalds, mas poucos são capazes de criar um sistema de negócios (que entrega exatamente que o cliente quer) como o deles.

Para que a companhia seja lucrativa e duradoura, é fundamental entregar com a máxima qualidade e o menor custo possível, aquilo que seu mercado exige. E para isso, é muito importante estabelecer um padrão nos produtos e serviços e documentar esses processos. Não foi à toa que Buffett disse certa vez que não investia em negócios, cujos “sistemas” (leia-se Dono) fossem pra casa à noite e eventualmente pudessem ter dores de barriga! Engraçado, mas trata-se de uma preocupação real do investidor que busca bons retornos atrelados ao menor risco possível. E um processo produtivo bem azeitado e documentado é uma grande chave para potencializar o valor de uma empresa.

9.Propriedade Intelectual

Existe a preocupação em documentar e registrar processos, fórmulas, boas práticas, produtos e segredos do negócio?

 

É preciso haver um comprometimento da administração com relação às suas práticas, fórmulas, segredos, inovações, ferramentas, propriedade intelectual, conhecimentos, rede de contatos, etc. Por mais simples que seja o negócio, existe uma forma de se operar e fazer as coisas. Tudo isso foi criado e precisa estar claro tanto para a equipe atual, quanto para a equipe que ainda fará parte da empresa no futuro.

Este é um ponto de grande vulnerabilidade nas empresa, pois deixa todo conhecimento à mercê das pessoas, sendo que estas mudam constantemente de empresa, ou pior, se ficar apenas nas costas do empreendedor, o risco é ainda maior, pois caso aconteça algo com ele, todos os segredos e modus-operandi estarão comprometidos.

Para diminuir os riscos de se perder todos esses procedimentos, é imprescindível que se documente de forma organizada, todos os processos do negócio. Além disso, esse tipo de gestão certamente elevará o nível de dificuldade para competidores, caracterizando assim, mais uma barreira de entrada. Veja alguns exemplos:

  • Recrutamento de pessoal, formação e retenção
  • Gestão de recursos humanos (um manual de empregado)
  • Desenvolvimento e aperfeiçoamento de produtos ou serviços
  • O controle de estoques e ativo imobilizado
  • Controle de qualidade dos produtos ou serviços
  • Comunicação com os clientes, fornecedores e empregados
  • Seleção e manutenção de relacionamentos com fornecedores
  • Relatórios de desempenho de negócios para a gestão
  • Políticas e procedimentos de contas a pagar e receber
  • Entre tantos outros…

O estabelecimento de todos os processos do sistema empresarial, demonstra que é possível a empresa continuar operando independentemente da situação ou de pessoas chave, como sócios. E novamente, esse ponto levará à uma percepção maior de valor, atrelado à menos riscos.

10.Gestão dos Passivos

Quão eficiente e inteligente é a gestão da empresa na captação de recursos (decisões de financiamento)?

 

Este é um ponto crítico. Como a empresa capta recursos? Suas decisões são baseadas apenas em “achologia” ou cada vez que precisa de recursos, existem cálculos e análises consistentes que suportam tais decisões?

Os passivos são comumente chamados de obrigações, pois é dali que vem o dinheiro que financia a operação da empresa. Podem ser tanto recursos de terceiros, tais como bancos e fornecedores, quanto recursos próprios como o patrimônio líquido (capital dos sócios).

As decisões de financiamento estão no cerne da atividade empresarial, assim como as decisões de investimento (que veremos a seguir). Sua boa gestão é um fator crucial para a sustentabilidade do negócio ao longo dos anos.

Uma empresa com dívidas ruins (sim, existem dívidas boas!), que faz mal uso do capital de giro, com negociações ruins com fornecedores, dívidas fiscais, certamente possuirá um valor muito menor. Do outro lado, a ausência de passivos fiscais, alacanvagem em níveis saudáveis e com liquidez, permitirá ao investidor observar que existe seriedade e qualidade na gestão financeira da empresa.

11.Gestão dos Ativos

Quão eficaz é a gestão da empresa na aplicação dos recursos (decisões de investimento)?

 

É um grande pilar da gestão baseada em valor. Os ativos da empresa podem ser classificados como Circulantes (caixa, clientes, estoques e aplicações financeiras) e Não Circulantes (Imobilizado, investimentos, participações societárias e intangíveis).

Algumas perguntas:

  • Os ativos atuais permitem a empresa crescer sem precisar de novos investimentos?
  •  As instalações são adequadas, limpas, iluminadas?
  •  Os equipamentos são modernos e atualizados?
  •  As aplicações rendem um bom percentual anual?
  •  A carteira de recebíveis dos clientes está bem administrada?
  •  Os estoques são inventariados mensalmente?
  •  Os investimentos produzem boa rentabilidade?

Ao captar recursos (decisões de financiamento – passivo), faz necessário investir alocar os recursos. E a qualidade desses investimentos é que vai dizer o quão produtiva e eficaz é a empresa no uso de seus recursos. Como investidor, gosto de analisar se existem ativos inativos (ociosos) como estoque obsoleto, maquinário ultrapassado ou ainda aplicações financeiras que não são rentáveis. Essas informações refletem, novamente, o compromisso e o profissionalismo da gestão ao aplicar seus recursos na empresa, de forma a obter o máximo possível desses investimentos. Um comprador jamais pagará um valor atrativo por um negócio decadente, desorganizado, mal gerido, bagunçado, pois simplesmente em meio da bagunça não há resultados.

Tempo é dinheiro e você sabe disso. Agora coloque-se no lugar do comprador e pense que, ao investir na empresa, você não quer perder tempo com reformas, reparos, recompras, re-nada! Você quer ir para o alto e avante, gerar caixa, expandir mercado, isso sim!

Portanto, analise seus ativos com cuidado. Um a um. Trace metas e estipule um plano de ação organizado para tirar melhor dos seus ativos.

12.Qualidade das Informações Financeiras

As informações financeiras da empresa são confiáveis o suficiente para uma boa gestão e análise estratégica? Os números demonstram a realidade da performance da empresa?

 

Como é possível demonstrar qualidade e consistência nos números, se não existem dados e informações financeiras? Você investiria num negócio que não se sabe quanto fatura, quanto gasta, quanto tem de estoque, nem quanto tem de dívida? Provavelmente não né?!

Pois é, para criar uma gestão financeira profissional, da base à análise e conhecer os resultados, é preciso que toda base de dados seja confiável o suficiente para tomar decisões acertadas. É desta forma que os dados viram informações e estas se transformam em conhecimento. É assim que você toma decisões concretas e cresce! E é assim que se demonstra consistência e aumenta o valor da empresa.

Sua empresa já possui um sistema de gestão? Você está satisfeito? Ele te fornece relatórios confiáveis? Você tem problemas e dificuldades com ele? Se dinheiro não fosse um problema, o que você faria? Continuaria com o mesmo ou trocaria? Se você usa o Excel como ferramenta para lançar dados, recomendamos que reveja isso, para o bem da sua empresa. Na planilha fica muito fácil alterar dados, perder históricos, roubar informações e sempre há aquela confusão de que “a minha planilha é a versão mais atual que a sua” ou então “minha planilha é muito melhor que a sua”. E toda vez que troca o responsável pelo seor financeiro, lá se vão várias informações preciosas da empresa com ela.

Com um sistema ERP, seus dados ficam mais padronizados e seguros. Tudo num lugar só. Por isso, recomendamos que você contrate um sistema ERP para gerenciar os dados da sua empresa. Deixe apenas a parte de análise para o Excel.

É certo que antes de fechar negócio, um investidor vai querer esmiuçar os números por meio de uma due diligence. Se não houverem números consistentes (integridade financeira) certamente não haverá negócios, sendo este um dos problemas mais comuns nos processos de fusões e aquisições. Como costumamos dizer, “é preciso preparar a noiva antes do casamento”. Isso significa que é muito importante preparar essa estrutura (integridade) financeira a fim de demonstrar os resultados ao comprador.

CONCLUSÃO

Saber o valor da empresa, é a demarcação exata de onde ela está atualmente, para então poder traçar com solidez, os caminhos e prioridades do futuro. Entender VALOR é a chave que o levará o próximo nível nos negócios.

Um valuation bem feito, adequado às características do seu negócio, inserido na realidade do seu segmento é fundamental para realizar operações estratégicas com sucesso, tais como planejamento financeiro, compra e venda de empresas, estudo de viabilidade econômica, planejamento tributário, captação inteligente de recursos de terceiros (investidores e bancos), divisões societárias e de bens, análise de desempenho e planejamento estratégico.
E por fim, veja o exemplo da compra da Carnegie Steel por J.P. Morgan na última década do século XIX, nos EUA. Andrew Carnegie, então proprietário de um império empresarial de produção de aço, não queria vender sua empresa, mas é claro que tudo neste mundo tem um preço e com Carnegie não seria diferente. J.P. Morgan aproximou-se do braço direito de Andrew, Charles Schwab e convenceu-o a conversar com Andrew sobre a possibilidade da venda do seu conglomerado. Charles conseguiu plantar a ideia na cabeça de Andrew e com isso obteve o valor de US$ 480 milhões na época (Hoje equivalente a aproximadamente US$ 400 bilhões).

O valor pedido por Carnegie era ultrajante, pois ele não tinha intenção de vender, mas J.P. Morgan sabia que poderia receber muito mais naquele negócio. Morgan enxergou um valor que ninguém mais via, pois pretendia unificar diversas metalúrgicas e criar o império U.S. Steel. E foi isso que ele fez, comprou a Carnegie Steel por aquele preço, reduziu custos, aumentou a eficiência das fábricas, expandiu as vendas com contratos governamentais e a levou a um outro nível de valor. Perceba que ele enxergou e explorou vários (ou todos!) os pilares acima comentados. Mais do que um preço, ele levou VALOR para sua carteira de ativos. E é claro que não parou por aí. J.P. Morgan, com essa mesma vivacidade e visão empreendedora, foi o responsável por financiar Thomas Edison, que depois criou a General Electric e depois a AT&T.

É uma excelente história que ilustra o Valor de uma empresa e o que você, como empresário deve ter em mente, ao construir seu império!

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