Os Sócios Conseguiriam Ficar 3 Meses Fora da Empresa?

Os Sócios Conseguiriam Ficar 3 Meses Fora da Empresa?

Parece uma questão absurda, mas quando fazemos essa pergunta aos sócios de micro e pequenas empresas, fica claro que a empresa depende muito da presença deles em diversas frentes de trabalho, seja em vendas, no controle financeiro, nas rotinas de RH ou mais comumente, na operação em si. Mas essa dependência é boa para a empresa? É boa para os sócios?

Em primeiro lugar, uma empresa é um sistema que precisa de pessoas para existir (sendo elas sua base), mas todos sabemos que pessoas vem e vão, tem dificuldades pessoais, problemas e intempéries de toda sorte. Sendo assim, não estaríamos deixando a empresa mais vulnerável, tornando-a dependente dos sócios? E se acontecer algo a eles? E se acontece algo na família que force-os a sair temporariamente? Como ficaria o dia a dia da empresa sem eles?

Como ficariam as liberações financeiras, decisões básicas, divisão de tarefas, compras e tantas outras rotinas operacionais diárias se estão amarradas a eles? A empresa simplesmente para.

Em segundo, como fica a qualidade de vida dos sócios, se estão sempre resolvendo coisas, sabendo que precisam necessariamente estar lá todos os dias, pois ela depende deles pra tudo? Qual a probabilidade de ficar com a consciência tranquila e relaxada com todo esse peso nas costas? Vale a pena todo esse estresse?

Fora essas questões mais filosóficas, na prática uma empresa dependente acaba tendo um teto baixo, que a impedirá de crescer. Ela sempre será limitada pelos sócios que não criam sistemas mais abrangentes e flexíveis para poder se desenvolver sustentavelmente ao longo dos anos.

Sempre gosto de citar o caso do Sr. Marco Aurélio Raymundo, fundador da marca de surfwear Mormaii. Em suas próprias palavras “Quem tem chefe é índio. Tem de ser governado, quem é desgovernado. Administrar uma empresa é administrar pessoas e a empresa fica muito melhor sem mim porque as outras pessoas tocam tudo”.

Se os sócios puderem ficar 3 meses fora da empresa, isso quer dizer que ela está preparada para crescer, que lá trabalham pessoas ótimas e capacitadas, que eles já implantaram lá toda filosofia necessária e que o dia a dia da operação vai acontecer e melhorar, mesmo sem eles lá. Parece impossível? Bem, já vimos que não.

No Brasil, o hábito de deixar tudo pra última hora ou o famoso “vejo isso depois” são muito comuns, infelizmente. Os sócios precisam investir tempo na preparação de uma estrutura mais profissional que permita a empresa se desenvolver. Como diria o megainvestidor Warren Buffett “o momento de se vacinar não é um dia após contrair a doença”.