Qual o Melhor Investimento para 2016?

Depende. Para responder esta pergunta “Qual o melhor investimento para 2016?”, precisamos analisar dois contextos diferentes: Empresa e Pessoa Física. Vejamos cada um deles em detalhes.

Para as Empresas
Investir é uma decisão estratégica da empresa, independente do momento. O melhor investimento para a empresa será aquele que tiver uma taxa de retorno maior do que seu custo de capital. Calma, eu explico! Custo do capital é a taxa média, calculada entre todo dinheiro que a empresa tomou emprestado versus o custo de cada uma delas, tanto dos sócios (patrimônio líquido), quanto de terceiros (fornecedores e bancos).

Por exemplo, uma empresa tem R$ 700 mil de empréstimos bancários que custam em média 20% a.a. e R$ 300 mil de patrimônio líquido, cuja expectativa dos sócios é de 15% a.a., logo o Custo de Capital (reconhecidamente como WACC, sigla em inlgês para Custo Médio Ponderado de Capital) será de 18,50%.

 

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Sendo assim, qualquer projeto ou investimento deverá ter no mínimo 18,50% a.a. de retorno, ou seja, 1,42% a.m. Caso o retorno do projeto/investimento seja maior, será um ótimo investimento e a empresa estará gerando valor econômico. Caso o retorno seja inferior a 18,50%, o investimento será ruim e a empresa estará depreciando seu valor econômico.

“Mas onde vou encontrar um investimento que me de um retorno acima dessa taxa?”

  • Renda fixa? Você dificilmente vai encontrar algo tão atrativo. Para se ter uma ideia, a poupança paga em média 0,60% a.m. (menos da metade necessária no nosso exemplo acima) e o Tesouro Direto, que é umas das mais rentáveis aplicações de renda fixa no mercado brasileiro (melhor do que a maioria dos CDBs, CDIs, LCIs e LCAs), possui títulos que chegam a pagar em média 1,30% a.m. Porém, no nosso exemplo, ainda não seria suficiente para cobrir o custo.
  • Renda variável? Recomendo só para quem tem muita intimidade com o mercado de ações. Pode ser que ultrapasse esse valor, mas a bolsa de valores não é lugar para novatos ou amadores. Tome cuidado e saiba o que está fazendo antes de fazer apostas com seu dinheiro! Aliás, investidores não fazem apostas, fazem investimentos. E ponto.

Mas então o que fazer?

1) Reduzir o custo do capital: Negociar as taxas das dívidas com os bancos e fornecedores. No exemplo acima, o capital de terceiros representa 70% de toda estrutura de capital, então qualquer redução nas taxas vai ter um impacto significativo no Custo do Capital e, consequentemente, vai facilitar a realização de novos investimentos na empresa. Por exemplo, se o custo do capital de terceiros diminuir de 20% a.a. para 17% a.a., o custo do capital será de 16,4%, ou seja, 1,27%a.m. Uma boa redução! Com este custo, investir num Tesouro Direto, por exemplo, já seria vantajoso.

2) Estudo de viabilidade: Todos os projetos na empresa deverão passar por um criterioso estudo de viabilidade para definir se vai ou se não vai pra frente. Utilize os indicadores mais importantes como a TIR (Taxa Interna de Retorno) e o VPL (Valor Presente Líquido). Para avaliar se o projeto/investimento é vantajoso para a empresa e realmente agregará valor, compare a TIR com o WACC. Se a taxa de retorno do projeto (TIR) for menor que o Custo do Capital (WACC), então há boas chances desse projeto ser ruim. Se for maior, avalie todo o contexto e vá em frente.

OBS: Para os leitores mais criteriosos de plantão, eu sei eu sei, a TIR possui algumas desvantagens como:

1) resultados múltiplos – dependendo da diversidade dos fluxos de caixa;
2) não informa o risco nem perdas potenciais – que o investidor incorrerá ao investir nos projetos em análise. Mas, como regra geral e se usada com cautela, juntamente com outras análises, ela pode sim, ajudar no estudo de viabilidade do investimento.
3) Reduzirem custo dos sócios – a expectativa de retorno dos sócios, é o custo do capital próprio. No nosso exemplo, se os sócios reduzirem sua expectativa de 15% a.a. para 12% a.a., então teremos mais uma redução no custo do capital da empresa.

Exercício: Quanto fica o WACC da empresa, ao fazer apenas esta redução do custo do capital próprio? Comente abaixo com sua resposta!

 

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“Mas 2016 será um ano difícil, se eu ficar no “zero-a-zero” já estarei feliz! Nem preciso de investimentos…”

Será mesmo? Já dizia o guru Peter Drucker que, se sua empresa não estiver crescendo, ela está morrendo! E mesmo para ficar no “zero-a-zero” é preciso investir em ações focadas, pois caso contrário, o mercado seguirá adiante e você ficará para trás. Ninguém fica no “zero-a-zero” nos dias de hoje. Se sua empresa não estiver crescendo, saiba que ela está morrendo. A concorrência não perdoa e o Sr. Mercado favorece os corajosos.

Para as Pessoas
Já na pessoa física, o padrão de referência a ser superado é a inflação. Em 2015, a inflação oficial foi de 10,67% (IPCA). Alta né?! Eu sei. Também sinto esta porrada toda semana após sair do supermercado 🙁

Mas não adianta muita coisa ficarmos só reclamando por aí. É preciso erguer a cabeça, trabalhar e agir com inteligência.

Os investimentos que você vai fazer precisam dar retorno acima da inflação para serem considerados, no mínimo, bons! Sendo assim, veja abaixo a situação atual (fevereiro/2016) de cada tipo de investimento e tire suas próprias conclusões*.

OBSERVAÇÃO SUPER IMPORTANTE: Cada pessoa tem um perfil e uma necessidade diferente. Não posso recomendar um ou outro investimento pra você, apenas alertar para os pontos positivos e negativos de cada um deles, para que você possa pesquisar e avaliar qual deles será o mais benéfico, de acordo com suas características, expectativas e planos para o futuro. Ok?!

Então vamos lá:

  • Poupança: A rentabilidade média mensal da poupança é de 0,60%. Em 2015, o rendimento total foi de 8,07%. Abaixo da inflação. Recomendo a poupança para fazer reservas de curto prazo como para comprar uma TV, fazer uma viagem, etc.;
  • Imóveis: A rentabilidade mensal dos aluguéis hoje varia em torno de 0,20% a 0,70% do valor venal do imóvel, dependendo da localização, se é comercial ou habitacional, entre outras variáveis. É óbvio de varia de caso a caso, mas na média do mercado, o aluguel fica entre 0,40% e 0,60%, ou seja, igual ou até inferior à poupança. É claro que existe a valorização do imóvel ao longo dos anos, mas para que exista um ganho real na valorização, o imóvel precisa estar bem localizado e bem estruturado. Investir em imóveis exige conhecimento, bons assessores e geralmente faz parte de uma estratégia de portfólio mais ampla, pois podem até ter um bom retorno, mas a liquidez (capacidade de vender e pegar o dinheiro em mãos) é baixa;
  • Tesouro Direto: São títulos do Governo Federal, do qual você vira credor quando compra tais títulos. Pagam de 10% a.a. até 17% a.a., dependedo do título que você escolher, que podem ser tanto pré-fixados (taxa de retorno estabelecida no ato da compra), quanto pós-fixados (taxa de retorno definida com base em um índice econômico tal como o IPCA). Esqueça aquela história de que seu dinheiro vai ser congelado alí, como foi na época do Collor. O Tesouro Direto está calçado pelo Tesouro Nacional com reservas de mais de US$ 300 bi! Devido à sua boa rentabilidade e liquidez, recomendo conhecer mais sobre ele. Saiba mais em www.tesouro.fazenda.gov.br;
  • Ações: Como disse anteriormente, o mercado acionário não é para amadores, mas quando você escolhe bem uma empresa, seu dinheiro pode tanto render na valorização da ação, como gerar dividendos anuais robustos. Vale a pena se aprofundar e conhecer melhor o mercado de renda variável. No site da BM&F Bovespa, você encontra tudo o que precisa para se aprofundar mais nesse mercado. Acesse este site;
  • CDBs: Os bancos estão sempre tentando te vender CDBs. Muito cuidado, pois muitas vezes eles até tem uma boa rentabilidade, como 10% a.a., porém, existe a pouco-divulgada-porém-matadora-de-rentabilidade “taxa de manutenção”. Em alguns bancos ela chega a 3% a.a., ou seja, de 10%, seu investimento fica com 7%. Ouch! Por isso, LEIA AS LETRAS MIÚDAS E EXIJA A PLANILHA DE RENTABILIDADE E CUSTOS de cada aplicação ou produto que seu gerente lhe apresentar. Fique atento!
  • Títulos de Capitalização: Sério, corra o mais longe e rápido que puder. Para o banco, estes títulos são super rentáveis. Para você? Um péssimo negócio. São um tipo de jogo, aposta, portanto, não são considerados investimentos, por mais que o seu gerente possa tentar te convencer do contrário. Sem contar que seu dinheiro fica preso com o banco e se você tentar resgatar, eles vão lhe cobrar (punir mesmo) com uma taxa (bem gorda) de resgate antes do vencimento. A rentabilidade é inferior à da poupança no longo prazo. Se quer poupar no curto prazo, use a poupança. Se quer apostar, compre uma Mega-sena. Agora, se quer investir seu rico-e-suado dinheirinho, pesquise outras opções listadas aqui;
  • Educação: Um dos melhores investimentos em 2016 é a Educação. Invista em si mesmo, no seu capital intelectual. É algo que durará para sempre, ninguém pode tirar de você e ainda é, estatisticamente provado, que aumenta significativamente seus ganhos ao longo do tempo. Faculdades, especializações, cursos práticos e técnicos, de curta duração, são todos sempre bem vindos quando se trata de aumentar sua base de conhecimento e ampliar sua visão de mundo. A educação transforma o mundo!
  • LCAs e LCIs: As Letras de Câmbio do Agronegócio e as Letras de Câmbio Imobiliárias são títulos de renda fixa, emitidos pelos bancos, isentos de IR e lastreados respectivamente por empréstimos ao setor de agronegócios e por empréstimos imobiliários. Possuem boas taxas de rentabilidade no longo prazo, geralmente acima da poupança.
  • Negócio Próprio: Abrir uma nova empresa pode ser um bom negócio, DESDE QUE VOCÊ TENHA UM BOM PLANEJAMENTO E CONHEÇA BEM DE NEGÓCIOS. Não basta ser um bom técnico (engenheiro, piloto, advogado, médico, carpinteiro, designer, arquiteto, etc), precisa conhecer DE negócios, ou seja, vendas, estruturação financeira, recursos humanos, negociação, compras, impostos, planejamento orçamentário , precificação, etc. Todos esses setores/variáveis estão interligados na empresa e deixar qualquer um deles de lado é a mesma coisa que ignorar alguma parte do seu corpo, dizendo assim: “a parte mais importante é a cabeça e os braços, o resto não me interessa…”. Uma empresa exige planejamento e gestão disciplinada para dar certo. O Sebrae está cheio de estatísticas que provam que a falta de planejamento e gestão do fluxo de caixa matam um monte de empresas todos os anos. Portanto, para ser um bom investimento, você precisa se preparar;
  • Ouro: Investir em ouro deve fazer parte de uma estratégia mais ampla do seu portfólio e normalmente é comprado por investidores mais experientes. Ele oscila bastante, variando conforme o mercado e pode não apresentar rentabilidade, conforme a cotação do dólar (ao qual ele está atrelado no Brasil). Como o ouro sempre foi um lastro para a emissão de moeda, ele geralmente vai na contramão do mercado, ou seja, melhora sua rentabilidade quando a economia vai mal, funcionando como uma espécie de proteção. A BM&F Bovespa tem uma cartilha bem explicativa para quem desejar conhecer mais a fundo o mercado do ouro.
  • Dólar: Apostar na valorização ou na desvalorização da moeda norte americana também exige preparo e discernimento. Serve como mecanismo de proteção e pode compor sua estratégia futura. Mas de novo, muito cuidado e estudo para fazer este tipo de investimento. Se for apenas especular, prefira a mega-sena, pois seu risco se limitará a apenas alguns poucos reais!

 

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Entendeu porque falei no início que depende de cada caso? Pois é, cada pessoa ou empresa é única, tem planos, perfis e objetivos diferentes. Por isso, sempre avalie com cuidado os investimentos. Estude, se aprofunde, peça ajuda de quem entende e não especule.

Siga os conselhos de Warren Buffettt (um dos maiores investidores do mundo e meu mentor): “Regra n.º 1 dos Investimentos: Nunca perca dinheiro; Regra n.º 2: Nunca se esqueça da Regra n.º 1.” Ele disse isso porque a preservação do seu capital deve ser sua prioridade máxima. É muito mais vantagem preservar o capital e fazê-lo crescer aos poucos, do que perder parte dele e ter que recuperar tudo novamente.

Bons investimentos para você!

 

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Uma resposta para “Qual o Melhor Investimento para 2016?”

  1. […] consequentemente perdem em informações gerenciais e acabam tomando decisões de financiamento e/ou investimento de forma totalmente equivocada, devido à falta de conhecimento sobre a situação de seus […]

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